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Jovens Amigos ada Sagrada Face

Grupo de jovens pertencente a família religiosa da Congregação da Sagrada Face, que tem como missão Propagar, Reparar e Restabelecer o Rosto de Cristo nos irmãos, especialmente os mais humildes e necessitados

domingo, 14 de dezembro de 2008

Espiritualidade na crise

Espiritualidade na crise

Como agentes de pastoral todos estamos expostos, eventualmente, às mais diversas situações em razão dos impasses e desafios vividos na ação evangelizadora - que, para ser verdadeiramente evangelizadora, deve, necessariamente, provocar rupturas. Uma das maiores dificuldades pessoais que muitos de nos temos está no enfrentamento caridoso e evangélico das crises que brotam da ação pastoral.
Muitos tendem a afastar os ( ou afastar-se dos) momentos de crise na vida eclesial, como se estes fossem exageradamente contrários à fraternidade cristã. Entretanto, é necessário que saibamos enfrentar com espírito de caridade fraterna processo de participação na vida comunitária.
... é necessário que saibamos enfrentar com espírito de caridade fraterna a discussão de propostas, as tensões latentes e explícitas que são próprias do processo de participação na vida comunitária.
Em muitos momentos e diante da aridez do campo missionário, o desânimo pode tomar conta de muitos evangelizares, contribuindo para o arrefecimento do ardor missionário, vão nublando os horizontes e vai-se esvaziando o sentido para a labuta pastoral. Quantos companheiros nossos já não desistiram da caminhada!
Vejamos a experiência do Profeta Elias:
“Acab contou a Jezabel o que Elias tinha feito e como tinha matado a fio de espada todos os profetas. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias com este recado: ‘Que os deuses me castiguem se, amanhã, a esta hora, eu não tiver feito com você o mesmo que você fez com os profetas’. Elias ficou com medo, levantou-se e partiu para se salvar. Chegou a Bersabéia, em Judá, e aí deixou o seu servo. E continuou a caminhar mais um dia pelo deserto. Por fim, sentou-se debaixo de uma árvore e desejou a morte, dizendo: ‘Chega, Javé! Tira a minha vida, porque eu não sou melhor que meus pais’. Deitou-se debaixo de uma árvore e dormiu. Então um anjo o tocou e lhe disse: ‘Levante-se e coma’. Elias abriu os olhos e viu bem perto da cabeça um pão assado sobre pedras e deitou-se outra vez. Mas o anjo de Javé o tocou de novo e lhe disse: ‘Levante-se e coma, pois o caminho é superior às suas forças’. Elias se levantou, comeu, bebeu e, sustentando pela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Horeb, a montanha de Deus” (1Rs 19, 1- 8).
Diante do mundo pós-moderno com todos os seus desafios, está denfo cada dia mais imperativa a necessidade de assumirmos os instantes de dificuldade, de crise, como algo que faz parte de nossa constituição pessoal e como conseqüência da nossa tendência é voltar atrás, é recuar, estagnar, voltar ao aconchego, à segurança e proteção diante das agruras. Deus se revela a nós todos os dias como o Deus de nossos caminhos e de nosso caminhar: “Levanta-te, come estes pães... Ainda tens um longo caminho a percorrer”. Tenhamos a certeza: na nossa ação pastoral, na nossa labuta evangelizadora, o caminho também é superior às nossas forças.
Podemos nos perguntar: de quê nos alimentamos na vida pastoral, no desempenho das atividades evangelizadoras que assumimos por força da nossa resposta à vocação batismal? Na atividade, muitas vezes também nós nos encontramos diante do deserto. Nós também experimentamos momentos em que parece que Deus nos escapa, que Deus nos abandonou. Quantas vezes realizamos tantos encontros de formação, momentos de oração, celebração com o povo de Deus, passeatas em defesa da vida em defesa da cidadania, reuniões cotidianas, agenda cheia de compromissos advindos da nossa adesão à proposta evangelizadora! Em algum momento nos questionamos: quais as implicações de tudo isso para nosso crescimento pessoal? O que Deus quer de nós? O que Deus tem feito de nossas vidas, como agentes de comunidades, como evangelizadores que somos? O que nos motiva a estarmos nesta estrada, neste caminho?
Os cristãos leigos vivem ainda mais de perto esta problemática. As exigências de trabalho pastoral - evangelizador somadas aos compromissos diários com a escola, com a universidade, com a vida do lar, na educação dos filhos, tendem em muitos casos, a formar na pessoa do agente de pastoral um compenetra mento, por vezes, graves, na tentativa de alcançarmos os objetivos a que nos propomos em nossa ação pastoral. Muitas vezes o ‘zelo pela casa do Senhor’ nos faz sérios demais, funcionais demais... nos consome.
É preciso que descubra a urgência de enfrentarmos os desafios pastorais com mais alegria, com mais leveza, com mais equilíbrio e sobriedade... característica que fundamenta o jeito de ser daqueles que se guiar pelo Espírito Santo de Deus.
O que alimenta e anima nossa esperança? O que sustenta a nossa caminhada na construção do Reino? Com certeza não será a nossa técnica, a nossa metodologia pastoral, o nosso espírito empreendedor, a nossa e unicamente nossa capacidade de organizacional. O que nos alimenta é a certeza de nossa adesão a Cristo e que, no nosso jeito de agir e de ser, conseguiremos prestar contas das razões da nossa fé.

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